14.3.10

Trópico de Câncer



“... Hoje sinto orgulho que dizer que sou inumano,
que não pertenço a homens e governos, que nada
tenho a ver com a maquinaria rangente da humanidade
– eu pertenço à terra"


4.3.10

Amor Ideal

                    
Não há uma certeza sobre o Amor ideal. Ao longo dos anos, arrisco dizer - Ao longo dos séculos. Fomos levados até uma encruzilhada onde as histórias de Amor foram escritas próximas ao peito - Romeu e Julieta, Dom Quixote e Dulcinéia, Bentinho e Capitu. Histórias que não revelam o um só Amor. Aquele que se sente além das palavras. Quem sabe o Amor não esteja verdadeiramente nas histórias escritas por amantes. Talvez o Amor tenha tantas formas que não possa ser escrito.


fotografia - César Cardadeiro e Letícia Persiles como Bentinho e Capitu.
Na microssérie CAPITU exibida pela Rede Globo em 2008. 

Meu quase encontro com Fernando Pessoa

Às dez e vinte e sete daquela manhã um garoto de recados entregou-me a resposta da carta. Viajei em um navio chamado Henriqueta dias antes, e estava queimando de expectativas quando desembarquei e corri pelas ruas a procura de um quarto de hotel, recitando poesias em meu inglês muitíssimo ruim... poesias de Pessoa. Hospedei-me em um quarto alugado num hotel-pensão barato com banheira no toalete, o único quarto que encontrei por menos do que eu tinha no bolso (mas minhas aventuras empobrecidas não importam agora).

Havia conseguido a viagem para Portugal com os pequenos contos e textos que a revista publicou, de início não pensei em receber valor algum, era minha paixão, um desejo, ler meu nome ao sopé das páginas, e saber que aquela era mais uma história minha. Em geral eram publicadas em uma mesma revista "clandestina" que trocava de nome todo santo sábado, e se não estou enganado o nome hoje é Livre Espírito talvez Livr'espírito...Ou coisa parecida.
Um companheiro de biblioteca e longos debates sobre Heterônimos, disse-me que poderia conseguir um encontro com o cunhado do primo de um conhecido que trocava as dobradiças da porta da frente, de onde  Fernando Pessoa trabalhava, falando com o tal do trocador de dobradiças, afirmou que conseguiria para mim algumas poucas palavras ou quem sabe até mesmo um almoço com Fernando Pessoa. 

Enquanto suava e pulava de um lado para outro recebi a visita do menino de recados, entregou-me um envelope pardo, e com mãos nervosas abri com cuidado, a caligrafia estranha e manchada do trocador de dobradiças dizia que eu deveria esperar o poeta  ao meio dia em ponto próximo a um restaurante que também oferecia o serviço de engraxataria. No mesmo instante em que guardei o envelope, u
ma trovoada anunciou a utilidade da sombrinha em minha mala,
a mesma que já havia me salvado de chuvaradas repentinas. Sai tropeçando calçada a fora, temia não encontrar o restaurante, mas o garoto perguntou-me se poderia ajudar com mais alguma tarefa, assenti e expliquei a ele, o moleque de sotaque forte volveu que acharia facilmente se fosse com ele. Levamos meia hora
segundo meu relógio de pulso para chegar ao local combinado, eram quase onze e quarenta e cinco da manhã quando a chuva começou, o menino correu para se abrigar no restaurante, eu fiz o mesmo, mas logo voltei ao meio da praça para esperar olhando diretamente para a ruela que presumi ser por onde ele, o poeta... Criador de Ricardo Reis & Cia apareceria.  
As pessoas passavam apressadas com suas sombrinhas sobre a cabeça, e lá estava eu - Agora sentado em um banco, como se a chuva não batesse no chão ou molhasse o banco, mas empertigado ali me senti seguro.O mais estranho foi quando uma mulher bem vestida, bem portada também, parou alguns passos, parecendo procurar alguém, a observava com o canto dos olhos, ela veio até mim e perguntou as horas, eu respondi que eram quase doze, ao certo - Onze e cinquenta e três. Ela sorriu agradeceu e comentou que não gostava da chuva, mas teria que ficar por ali também, em seguida sentou-se ao meu lado. Ela disse que esperava alguém. Eu sorri, não queria conversar, mas ofereci a proteção da sombrinha já 
que ela preferiu ficar sentada ao meu lado. Eu estava ocupado demais pensando no que falaria para ele, o poeta. Que não me importei em dizer meu nome ou  o motivo de estar sentado na chuva. Passaram-se duas horas, uma carroça passou, e duas freiras, e também
a chuva. Continuei ali sentado, a sombrinha agora nos protegia do sol que surgiu de trás das nuvens para abafar e secar as ruelas a mim e a mulher.

Ela foi embora sem dizer mais nada  se não um "mui grata!", levantou-se e saiu a marchar em direção ao oeste, bem vestida, meio molhada. 
Esperei e esperei... Outra chuva veio, essa foi mais forte me obrigando a correr até o restaurante, esperei por mais duas horas, até voltar para o hotel frustrado. Lá encontrei um bilhete, somente um bilhete... era dele, do poeta... Me pedindo desculpas, dizendo que não poderíamos nos encontrar porque tinha de se encontrar com outra pessoa, uma mulher, mas não sabia se deveria, pois os astros diziam o contrário. Desculpou-se também por não me enviar nada (entre parênteses escreveu a palavra LIVRO) pois já havia enviado o último que possuía para a tal da mulher... (no mesmo instante eu pensei na  mulher bem vestida que sentou-se ao meu lado no banco molhado).Em letrinha miúda ele escreveu:

"Quem sabe em outra oportunidade...
Atenciosamente Fernando Pessoa".

3.3.10

A Hawk and a Hacksaw and the Hun Hangar Ensemble







  • "Kiraly Siratás" - 2:32

  • "Zozobra" - 4:01

  • "Serbian Cŏcek" - 4:14

  • "Romanian Hora and Bulgar (live)" - 3:15

  • "Ihabibi" - 3:57

  • "Vajdaszentivány" - 2:36

  • "Oriental Hora" - 5:18

  • "Dudanotak" - 3:29".

  • Um percurssionista que toca como se dependesse de seu acordeão para tirar o pai da forca, uma violinista que não está muito atrás - Com um talento incrível para o instrumento mais agudo da família das cordas friccionais. Ele é Jeremy Barnes, ela - Heather Trost ambos integram a "A Hawk and a Hacksaw  ex-integrantes da banda Beirut "banda" folk de Albuquerque, Novo México. A música da dupla é inspirada do leste europeu e particularmente nas Tradições dos Balcãs, e é sobretudo instrumental com vocais ocasionais, gritos e aplausos. And the Hun Hangar Ensemble. O quarto álbum de estúdio da banda é um dos mais incríveis que já ouvi na vida. Apesar de conhecer pouco sobre música (uma amiga sempre afirma isso quando critico o som do Rolling Stones) acontece d'eu esbarrar em algumas bandas um tanto esquisitinhas, a bem da verdade, e antes que esbarre com mais alguma impressionante weird band. Arrisco dizer que não é preciso conhecer para desfrutar do que é bom, certo? E A Hawk and a Hacksaw é realmente sublime, a  weird band que me prendeu pelas orelhas.



    O Calibre-Que-Pouco-Importou






    O calibre pouco importou - acendeu outro cigarro, sacudindo o fósforo, a salamandra extinguindo num fio de fumaça. Sentiu a ponta fria contra a têmpora esquerda, a mão trêmula, o sangue silenciando nas veias. Era como se houvesse um espaço entre as batidas do coração, espaço rubro, espaço de tempo, espaço que preencheu soltando o ar dos pulmões... Pensou em contar, dizer a si mesmo que soluções - Existiam aos montes, tanto quanto estrelas no firmamento. Não contou, preferiu suspirar, sentia o coração pulsando na ponta dos dedos - Ele sabia, o velho coração sabia, os olhos revelaram, talvez as pontas dos dedos quando tirou do bolso do paletó... O calibre-que-pouco-importou.
    E se houvesse vestido aquele paletó alguma vez, o calibre-que-pouco-importou esquecido dentro do bolso, estaria protegido? Proteção-proteção-proteção, estava realmente cansado de tudo, porque pensar agora?. Pareciam tão preocupados em protegê-lo dos outros, protegê-lo de tudo, mas... Ao menos alguém pensou em protegê-lo  de si mesmo? Bobagem, alguns gestos não dizem tudo. Tudo-tudo-tudo. Tragou com força, a ponta em brasa, perfurando a escuridão. Preferiu não esperar, a espera é como a esperança, pensou, mas esperança é palavra usada quando acreditamos em algo. E espera, quando o peso nos ombros é insuportável. E para ele a crença estava no peso, no sofrimento de continuar vivo. A ponta fria contra a têmpora vacilou, o peso do calibre-que-pouco-importou, adormeceu-lhe o braço.
    Não esperou e não soube exatamente quantas pessoas ouviriam o disparo, tampouco a que distância era possível ouvi-lo. Não escreveu carta de despedida, não separou os bens, não colocou água para o gato, ou trancou a porta, não preocupou-se em sujar as cortinas, ou acender a luz. Nada daquilo importou, no escuro a vida não parece crua... As mentiras são invisíveis, a culpa é irrisória e a morte torna-se facilmente real.

    amabilis insana

        

    E sem 
    que o céu se tingisse de alguma cor primaveril...
                               Ou antes que os fogos de artifício rugissem mágicos...
                                          Ou talvez, antes mesmo de 
    que uma garoa fina nos atingisse
                            uma única nuvem bem do alto
                  
     o carrossel
                            preparava-se para a última volta
                                  simplesmente a última
               Como 
    uma cena do filme curiosamente visto, perdida
                                  Ou a mala mal 
    trancada
                      Ou vontade de abraçar o alguém desejado.
         Simples
                                por seu 
    turno
                   por sua aceitável
                                           amabilis insana
                                             admiráveis
                                      
    conceitos de tempo
                                                           Simples como fechar o primeiro volume
                                                             de um 
    grosso livro de histórias
                                                               escritas 
                                                           á 
                                                                     mão!

    1,26 microsegundos

    "A rotação da terra foi acelerada" - Ela leu no jornal, a mão a meio caminho da boca para segurar um bocejo. O terremoto acelerou a rotação da terra, pensou. Um terremoto? E a vó dizia que o mundo acabaria em fogo, as vezes caia em contradição e dizia que a coisa toda seria como na história de Noé, com animais, arca e o escambau.
     Nostradamus... Olha só, que o mundo acabaria na virada do milênio. E quem disse que o mundo acabou? Foi 500 mil litros de óleo em Guanabara, coreano ganhando Nobel da paz, Papa pedindo perdão em nome da Igreja, eleições para prefeito em todo o país. Pois é, muita coisa aconteceu. E agora aquela notícia... Terremoto, a terra acelerada por um terremoto.
    "O terremoto chileno?" Balançou a cabeça "O terremoto tem até dono, tem nacionalidade, terremoto chileno...Absurdo, aposto que os chilenos não queriam um terremoto, quem quer um terremoto?" O artigo dizia que aquele terremoto chileno, era a parte não manifestada de um outro que acontecera em 1960 - Um tal acumulo de pressão. Terremoto, tempestade de neve,moeda única para dezesseis países da União Européia. Essas coisas não acontecem aqui, sim... Compreendo que estamos no meio duma placa tectônica, que aqui é América... Europa é Europa e blábláblá.
    Por alguns instantes, até esqueceu o motivo de estar ali sentada, - "Ciça morreu" A voz do pai ecoou mais uma vez. "Morreu num acidente de carro na avenida atrás de casa... Segundos após tirar o carro da garagem" Comprimiu os lábios e suspirou "Ciça...". Não sabia exatamente onde, nem como... Não sabia mais do que o pai dissera ao telefone. Motorista de caminhão, Ciça em velocidade máxima, freada brusca, Boom, carro destruído, motorista com ferimentos leves, Ciça morta. Ciça não era de guiar acima de quarenta, era motorista exemplar, toda exemplar, filha, mãe, amiga, irmã. Vez ou outra endoidava quando Carlito tirava nota baixa no colégio, e botava o menino pra estudar - "Filho meu não repete de ano" Dizia com o dedo em riste. E mesmo de cara fechada, o menino estudava tirava nota boa e não reprovava. Mas agora, era difícil imaginar a ausência de Ciça, da irmã mais velha, da mãe protetora, "Ciça... morta" Sibilou. 
    Passou os olhos pela notícia novamente, - O terremoto reduziu o dia em 1,26 microsegundos. Aquilo pareceu absurdo por alguns instantes, "Parece notícia de ficção científica" Disse em voz alta, a senhora sentava próximo dela, olhou em sua direção, "Ficção científica" Repetiu para si mesma. "Talvez... Se Ciça demorasse mais alguns microsegundos para sair da  garagem, quem sabe se tivesse esquecido as chaves do carro, ou pensado em por água pro gato, quem sabe se o terremoto no Chile não fosse o acumulo de pressão, quem sabe se o terremoto de 1960 acontecesse de uma vez só, sem acumulo, sem nada, quem sabe...







    fotografia - Bresson

    fotografia


    Dos acontecimentos da vida... 
    O que mais me surpreende,
    está entre o que menos aprecio.






    H.C.Bresson

    2.3.10

    O tal "ato trabalhoso"

    Escrevo por motivos singulares, rudes e pesados aos ombros, escrevo porque vivo demais. Escrevo porque vago por veredas de sensações. Onde crises e especulações, são de praxe, rotineiras - São fantasmas da casa. E é sempre no amanhecer do dia seguinte que se descarrega a carga de todos os dias anteriores.
    Carga essa que desse pela carne nua - Como água corrente. Carga crua de verdades arranjadas 
    no papel. Cada palavra desenhada - Cada linha vencida. A ideia é distribuída e meus ombros - Deixam de pesar - É nesse labor de traços e rabiscos que  a literatura avança - Sem o progresso acinzentado nem a compassiva vontade dos positivistas e mansos.
    Percebi que não me comovo
     com palavras alheias, não há momentos bons que apresentem a satisfação. A tendência é piorar, é negar - Porque negar é arte, para quem quer "melhorar" a si mesmo, como correr em círculos fechados com uma regularidade traumatizante. Tudo advêm da necessidade de desordem - O caos também leva a ordem, empertigado em mitos e folclores. Hoje alguns dizem que o que ocorre  - Já era dito anteriormente  por "aqueles mais antigos" - parábola? Não sei - Talvez tenha sido a promessa de previsões para o que se teria para o futuro. Aperfeiçoamento? Alguns tentam antropomorfizar tudo - Beirando a egolatria, as olhadelas no espelho. Todos somos o sol - Ao menos  é o que se considera - Já que somos "importantes". A estrela da manhã - Talvez seja quem fantasie verdades nunca realizadas - Para que não fiquemos presos ao cometa Halley de espera e acontecimentos. 
    A espera é a chance que se tem para apalpar a realidade... Chegar ao Olimpo de suas realizações. Mas diante de acontecimentos onde a espera é longa - O homem foge para outros caminhos - Por vezes satisfazendo-se com pouco, muito pouco. Como quando se manda uma bola caçapa abaixo, mas só por tentar - Já que o jogo está perdido.Todo escritor conhece o que é sentimento e realização nas linhas de outras obras.Sabe que mui do que se tem por escrito existe de uma forma ou de outra - Melhorando ou piorando, sentado diante de uma porção de fatos e atos facilmente modificados.O escritor sempre está lá - Entre a névoa, ou quando as tardes adquirem aquela sutileza de luz alaranjada - Doentia - E fixa - Como um quadro de Van Gogh. O escritor sempre está lá - Por mais difícil que pareça alcançar... Eu sempre estou lá -  E escrevo - Escrevo porque não há triste melodia tocando em parte alguma de meu corpo. Escrevo porque sou inquieto, prefiro delícias terrenas, essa é a viagem que fazemos entre Deuses e semideuses - Porque jamais haverá um mortal que desfrute das delícias.





    Fotografia - Bresson

    1.3.10

    versos de sorte








    Não procure a pequena sorte,





    Sorte de passarinho

    Se você não tem um ninho,
    Jamais a encontrará
    Procure a sorte grande - Sorte de fogareu
    A mesma que se tem no chão...




    A mesma que se vê do céu.


    Horas fictícias



    Nas primeiras horas
    de dedos livres, usava uma verdade pesada, como um paletó de lã grossa na chuva. Diante das teclas da velha máquina de escrever de nome próprio... Respirava a fumaça do cigarro preso entre o indicador filosófico e o dedo-maior quadrado. E sentia-se como um brinquedo esquecido embaixo de um móvel desusado. Seu papel ali era manter-se sentado até descarregar linhas de membros rijos e bicos rosados.
    Se fosse necessário buscaria um volume da 
    "crucificação encarnada" e sentiria a excitação de Miller, de frente par'o espelho... De palma firme e dedos leves. Mas logo voltava-se para a verdade pesada sobre os ombros, a mesma verdade que prendia-o olhando-se no espelho nu, a verdade rubra, quente, que escapa quando se quer bem perto. Aproximaria os lábios dizendo "me enfeita num  beijo". E a verdade que toca sutilmente e liberta as mãos, alongando os segundos e definindo sabores... Se transformaria em ação sutil. A verdade que enfeita, que revela cuidadosamente abraços e apertos, enquanto perto do peito longas páginas são edificadas. Respiraria profundamente e a pedido dos desejos rabiscaria linhas sobre o sabor de mar e o perfume de carne úmida. E mais uma vez o brinquedo encontrado rolaria para a beirada e desapareceria ao cair novamente... Mas ficaria lembrado, agora como o enfeite de um beijo. 
     FOTOGRAFIA - DAVID HAMILTON

    Influxo cult




    Quando as pessoas
    me perguntam sobre influências, penso em momentos, somente em momentos. Esses que foram decisivos para que eu conseguisse continuar a escrever um capítulo e por vezes terminá-lo. A própria palavra é significativa - Mas não me arrisco começar qualquer pseudo-explicação levando em conta mais do que querem ouvir ler. Sobre influência - há livros, músicas, comidas, fragrâncias e et cetera.
    Mas um escritor, ou melhor, escritora... Que exerceu influência sobre meu modo de escrita; Patricia Highsmith "Conheci" Miss Highsmith quando estava no sexto ano (ensino fundamental), um amigo me falou de Thomas Phelps Ripley, o anti-herói da neo-literatura policial que Patricia Highsmith - arrisco dizer - inventou. Mas infelizmente, na época, eu só ouvi. Cinco anos depois descobri num sebo perto de casa dois livros da escritora.
    O Talentoso Ripley e Ripley Subterrâneo. Comprei os livros o primeiro e terceiro da série Ripliad, o melhor - Não gastei mais do que trinta reis e os livros estão em ótimo estado até hoje. Os outros três - O Jogo de Ripley, O garoto que seguiu Ripley e Ripley debaixo d'água. Li meses após encontrar na biblioteca da escola.
    Sobre a escritora - Nasceu em Fort WorthTexas19 de Janeiro de 1921 e faleceu em LocarnoSuíça4 de Fevereiro de1995. Uma escritora famosa pelos seus thrillers criminais psicológicos. Ainda criança mudou-se para Nova Iorque, e já aos 16 anos decidiu tornar-se escritora. Em 1944 publicou na revista Harper's Bazoar sua primeira novela, Heroina. O primeiro romance, Strangers  on a Train, foi filmado por Alfred Hitchcock (Pacto Sinistro). Outros livros seus foram transpostos para a tela, entre eles, o premiado The Talented Mr. Ripley (O Sol por testemunha) e Ripley's Game, o celebradíssimo O Amigo Americano, de Win Wenders. Além de escrever, Patricia Highsmith também gosta de jardinagem, carpintaria, pintura e escultura, já tendo apresentado seus trabalhos em exposições. Avessa a entrevistas, trocou os Estados Unidos pela Europa. Sempre sozinha, morou Munique (Alemanha), Positano (Itália), La Cornouaille (perto de Fontainebleau, na França). 

    Sob o mesmo céu

                                             - DAVID HAMILTON -

    Havia uma limitação 
    nos gestos – Uma escamoteação repentina. Jamais deixei de acreditar na certeza e profundidade das palavras, mas ninguém ameaçava chegar perto de alguma reação que me desse o mínimo de abertura para compreender o que estava acontecendo. A fuga estava nos olhos, sorrisos e instantes de silêncio, fuga áptera que mergulhava perto do pé de dedos estando e preocupação em movimentos na água. Talvez o que era apresentado e significasse muito em palavras para mim, não passasse de estranheza para ela enquanto estávamos sentadas esperando que o tempo continuasse a antropomorfizar sensações... Sob o mesmo céu.